Os carros lá fora andam frustrados, irritados, bufam a toda a hora e ninguém lhes liga! Hoje o que interessa é a gasolina, nunca niguém pensa no que o carro tem de comer! É um escravo nas nossas mãos que nos faz saltar no tempo e ninguém lhe dá o devido valor... e pior! Existem pessoas que rompem o tubo de escape para roncarem mais, ouçam lá gostavam que vos rompessem o anús pa vocês se borrarem mais? Claro que não...
Ainda há dez minutos houve uma carrinha, coitada, a queixar-se tanto do seu anús e o seu condutor ainda buzinava até rasgar a garganta ficar da coitada. Ainda dizem que a violência doméstica só se dá em casa... A triste carrinha ou a carrinha triste (ambos servem) lá continuou a andar, desgastada e morta como se o tempo acelerasse sem fim e sem limite de velocidade, envelhecendo-a a cada quilómetro que passa.
Mas há carros que vivem bem, dominam as outras classes através da violência simbólica descrita por Pierre Bordieu em O poder simbólico* onde os símbolos além de organizarem a vida no tráfico também organizam a sociedade heirárquica e dão poder aos que dominam. Um simbolo da Mercedes ou BMW é muito mais prestigiável de que Renault ou um Ford, e também nunca vi um Mercedes a peidar-se do seu anús constantemente. Os símbolos manipulam o trânsito e a desgraça de certos carros.. Embora não seja apenas no tráfico que isto acontece, como Pierre Bourdieu fala no seu texto apresentando uma dominação do campo social através do uso dos símbolos em prol da obtenção desse poder. Quem controla os símbolos controla-nos, nós somos um ser que se demarca pela capacidade de atribuir signficados e o nosso mundo são meramente símbolos.
Texto estranho eu sei.
*Pierre Bourdieu, O poder Simbólico, Lisboa, Diefel, 1989
How cars are made by plusone
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