terça-feira, novembro 13, 2007

Informar Desinformando


Telesio Malspinda diz:

A televisão gosta de dar a palavra ao homem da rua, ou suposto tal. O resultado é que é apresentado como verdadeiro aquilo que amíude não o é [...] As opiniões mais facciosas e parvas [...] adquirem a relevância de uma corrente de pensamento [...] Pouco a pouco, a TV cria a convicção de que qualquer um que tem algo a dizer, ou para lamentar, tem o direito de ser ouvido. Já! E com vistosos acenos de aprovação (dos entrevistadores) [..] O uso e o abuso das pessoas em directo leva a acreditar que qualquer decisão já pode ser tomada, num abrir e fechar de olhos, pela multidão. (In Homo Videns, Giovanni Sartori)


Com isto, não se conclui que é mau dar a voz a todos mas que é mau forçar todos a falar quando não o sabem, fazendo com que respostas facciosas, e muitas vezes estúpidas e desprovidas de qualquer nexo, cheguem ao ouvido das massas, que muitas vezes as assumem como verdadeira devido ao poder da imagem televisiva.

O jornalista tem sede de informação, e o espectador sede de aceder à informação trabalhada pelo jornalista. O problema acontece quando esse trabalho é mal feito, ou é feito em excesso ou pior quando é mal feito propositadamente... No caso das entrevistas de rua sabemos que, muitas vezes as inquiridos só respondem com vergonha de não responder ou com vontade de mostrarem saber o que não sabem (e é normal que as pessoas não saibam quanto do PIB nacional é gasto no ensino superior comparativamente à U.E, ou que não saibam de cor e salteado os efeitos do tratado de "Lisboa").

Assim, quando essa informação ganha tempo de antena as massas vêem com os olhos e ouvem com os ouvidos, assimilam como se fosse uma nova corrente de pensamento ou como verdade. E em vez de se informarem as pessoas desinforma-se as pessoas com futilidades e parvoíces.


Outro problema desta desinformação são as estatísticas e as sondagens, embora se use a matemática para se obterem os resultados a sua interpretação, é acima de tudo, uma abordagem mais no plano subjectivo (e não quero aqui entrar o plano de como as questões são formuladas, um questão pode ser feita de múltiplas maneiras alterando assim, a resposta do inquirido). E, normalmente essas conclusões inferidas são confundidas com a resposta do resto da população. Isto é, se em 200 000 pessoas 70% das pessoas inquiridas responderem sim ao tratado isto não significa que 10 milhões de pessoas assim o pensem. Levando esses restantes 9 milhões e 800 mil a pensarem que se esses 70% responderam que sim, mesmo tendo uma opinião contrária à sua, deve ser porque a sua opinião tem algo de errado ou mal pensado quando não tem nada a ver com isso.


O problema não vem só dos jornalistas ou dos directores de informação televisiva, o GRANDE problema é que já perdemos o controle da informação televisiva, ela não está nas nossas mãos mas sim nós nas mãos dela.
Foto:Too much information de Violator3

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